Sebastião Salgado: do olhar humanista ao impacto global

Sebastião Salgado do olhar humanista ao impacto global

Sebastião Salgado foi um dos maiores fotógrafos documentais do mundo, reverenciado por transformar imagens em reflexões sociais e ambientais profundas. Com uma carreira que transcendeu fronteiras geográficas e culturais, suas obras eternizaram questões humanas universais em preto e branco. Seu impacto foi tão profundo que ele se tornou um ícone da fotografia humanista e ambientalista global.

Primeiros Passos e Origem

Nascido em Aimorés, Minas Gerais, em 1944, Salgado formou-se economista e trabalhou com políticas de desenvolvimento econômico. Em 1973, durante uma missão na África, teve seu primeiro contato significativo com a fotografia — momento decisivo que o levou a trocar a economia pela câmera fotográfica.

A Fundação do “Negócio”

Embora não tenha fundado uma empresa no sentido tradicional, Salgado estruturou sua carreira como um empreendimento criativo e cultural. Seu “negócio” foi o olhar documental transformado em arte e consciência. Um dos marcos dessa fundação foi a criação, com sua esposa Lélia Deluiz Wanick, do Instituto Terra em 1998 — projeto ambiental dedicado à recuperação da Mata Atlântica.

Expansão e Consolidação

Sua carreira decolou internacionalmente com séries fotográficas como “Trabalhadores”, “Êxodos” e “Gênesis”, todas publicadas como livros e exibidas mundialmente. Ele integrou as agências Sygma, Gamma e Magnum Photos antes de criar sua própria agência, Amazonas Images. Isso garantiu independência editorial e maior controle artístico sobre suas obras.

Filosofia e Estilo de Liderança

Salgado pautava sua produção pela ética humanista e pelo compromisso com a verdade visual. Seu estilo de liderança era colaborativo, especialmente com Lélia, que coordenava a curadoria e os projetos editoriais. A cultura organizacional ao redor de sua obra era orientada à missão: provocar empatia, crítica e transformação.

Desafios e Superações

Durante as décadas de 1980 e 1990, Salgado enfrentou críticas pelo tom estético de suas fotos em meio a tragédias humanas. A resposta veio com reinvenção: após se afastar do fotojornalismo tradicional, dedicou-se ao projeto “Gênesis”, um retorno à beleza e resiliência da natureza e da humanidade, após um período de esgotamento físico e emocional.

Impacto no Mundo

Seu trabalho influenciou gerações de fotógrafos e ativistas. Recebeu dezenas de prêmios internacionais e foi o primeiro brasileiro a ganhar o Prêmio Hasselblad. O Instituto Terra replantou milhões de árvores e é considerado exemplo mundial de restauração ecológica. Salgado também documentou o MST, contribuindo visualmente com a luta pela reforma agrária no Brasil.

Lições para Novos Empreendedores

  • Seja fiel à sua visão: Salgado recusou concessões comerciais em nome da integridade artística.
  • Transforme propósito em ação: sua arte foi sempre um meio para uma causa maior.
  • Cultive parcerias duradouras: sua colaboração com Lélia foi fundamental.
  • Busque excelência técnica com sensibilidade humana.

O Futuro e Novos Projetos

Sebastião Salgado faleceu em 2025, mas deixou projetos estruturados no Instituto Terra, que continua suas ações ambientais. Seus acervos seguem sendo digitalizados, exibidos e reinterpretados, mantendo vivo o legado educacional e artístico.

Frase de Sebastião Salgado

“É preciso amar as pessoas e acreditar que a fotografia pode ser um instrumento de transformação.”

Sobre a fotografia como linguagem e modo de vida:

  • “A fotografia é muito mais do que apenas tirar fotos – é um modo de vida. O que você sente, o que você quer expressar, é sua ideologia e sua ética. É uma linguagem que permite que você viaje sobre a onda da história.”
  • “Você não fotografa com sua máquina. Você fotografa com toda a sua cultura.”
  • “Minhas fotografias são um vetor entre o que acontece no mundo e as pessoas que não têm como presenciar o que acontece. Espero que a pessoa que entrar numa exposição minha não saia a mesma.”
  • “A fotografia é profundamente subjetiva. É a minha maneira de ver – minhas fotos são feitas com minhas ideias políticas e ideológicas.”

Sobre a paciência e o relacionamento com o sujeito:

  • “Quem não gosta de esperar não pode ser fotógrafo. É preciso descobrir o prazer da paciência.”
  • “Não é o fotógrafo que faz a foto, mas a pessoa sendo fotografada.”
  • “Quando você passa mais tempo em um projeto, você aprende a entender seus sujeitos. Chega um momento em que não é você quem está tirando as fotos. Algo especial acontece entre o fotógrafo e as pessoas que ele está fotografando. Ele percebe que elas estão dando as fotos a ele.”

Sobre a humanidade e o impacto social:

  • “Minha maior esperança é provocar um debate sobre a condição humana do ponto de vista dos povos em êxodo de todo o mundo.”
  • “O que eu quero é que o mundo se lembre dos problemas e das pessoas que eu fotografo. O que eu quero é criar uma discussão sobre o que está acontecendo ao redor do mundo e provocar algum debate com essas fotos. Nada mais do que isso. Não quero que as pessoas olhem para elas e apreciem a luz e a paleta de tons. Quero que olhem para dentro e vejam o que as fotos representam, e o tipo de pessoas que fotografo.”
  • “Mais do que nunca, sinto que a raça humana é uma só.”

Sobre a natureza e o meio ambiente:

  • “Nós somos animais, nascidos da terra com as outras espécies. Desde que vivemos em cidades, nos tornamos cada vez mais estúpidos, não mais inteligentes. O que nos fez sobreviver a todas essas centenas de milhares de anos é nossa espiritualidade; a ligação com nossa terra.”
  • “Por muito tempo, construímos nossa sociedade com base nos recursos naturais. Destruímos. Devemos proteger o que não destruímos. Devemos ser inteligentes o suficiente para sobreviver.”
  • “Descobri que quase metade do planeta é ‘intocada’. Vivemos em cidades como Londres, Paris ou São Paulo e temos a impressão de que todas as áreas intocadas se foram, mas não estão.”

Conclusão

Sebastião Salgado é um exemplo ímpar de como sensibilidade, técnica e propósito podem ser integrados em uma carreira de impacto global. Sua trajetória ensina que o verdadeiro sucesso vem da coragem de romper com a zona de conforto em busca de algo maior que o próprio reconhecimento.


FAQs

Qual foi o primeiro negócio de Sebastião Salgado?
A carreira fotográfica foi seu “negócio” principal, iniciado em 1973. Mais tarde, criou o Instituto Terra como braço ambiental de sua missão.

Quais os maiores desafios que ele enfrentou?
Críticas ao uso de estética na miséria e esgotamento emocional durante projetos intensos como “Êxodos”.

Como ele conseguiu crescer e consolidar sua carreira?
Com independência editorial, foco temático consistente e parcerias estratégicas, como com a Magnum e sua própria agência.

Quais são suas principais lições para novos empreendedores?
Visão clara, ética, autenticidade e propósito social devem guiar a jornada empreendedora.

O que esperar do futuro de seus negócios?
O Instituto Terra segue como herança viva, expandindo reflorestamento e educação ambiental.